Médica realiza sonho de ser mãe com barriga solidária após ser diagnosticada com câncer de ovário: 'Consegui um anjo'

  • 11/05/2025
(Foto: Reprodução)
Gestação completará quatro meses na próxima semana. Previsão é de que nascimento do pequeno Gabriel aconteça em outubro deste ano. Médica realiza sonho de ser mãe com barriga solidária após ser diagnosticada com câncer A médica anestesiologista Letícia Porto Maltez, de 31 anos, realizou o sonho de ser mãe após ser diagnosticada com um câncer no ovário durante uma consulta pré-concepcional. Isso só foi possível após a prima do marido dela servir de barriga solidária. A gestação da mulher, que preferiu não ter o nome revelado, completará quatro meses na próxima semana. A previsão é de que o nascimento do pequeno Gabriel aconteça em outubro deste ano. Ao g1, Letícia Porto, que nasceu na cidade de Jaguaquara, no sudoeste da Bahia, mas mora em Salvador desde 2011, contou que descobriu o câncer em meados de 2024, quando estava prestes a terminar a residência e planejava engravidar. "Foi através dessa vontade de ser mãe que eu descobri o câncer. Ser mãe sempre foi meu sonho, desde criança. Desejo de vida. Quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, eu falava que era ser mãe", conta a médica. Mulher congela óvulos ao descobrir câncer e consegue realizar o sonho de ser mãe; 'minha filha foi um milagre' Médica realiza sonho de ser mãe com barriga solidária após ser diagnosticada com câncer de ovário Arquivo Pessoal Letícia recebeu o diagnóstico após procurar uma ginecologista para retirar o dispositivo intrauterino (DIU), método contraceptivo colocado no útero para prevenir a gravidez. "Eu me senti completamente mutilada. Foi como se meu mundo tivesse caído, tivesse aberto um buraco e tudo que eu mais sonhava tivesse acabado". A médica disse que se olhava no espelho e até imaginava a barriga crescendo. "Na minha cabeça, aquele era o momento que poderia realizar meu sonho. Terminando a residência, já podendo criar meu filho e casada com o homem que eu amo". Luta pela vida e sonho Médica realiza sonho de ser mãe com barriga solidária após ser diagnosticada com câncer de ovário Arquivo Pessoal Durante a consulta com a ginecologista, a profissional apalpou uma massa. Ao ser avisada, Letícia contou que pensou estar com endometriose, doença ginecológica que pode provocar cólicas menstruais severas, dores abdominais fora do período menstrual, além de dores nas relações sexuais e sintomas intestinais e urinários. "Na minha cabeça, não era nada, não teria problema. Quando fiz todos os exames, aí já suspeitaram que fosse câncer", relembra. O tumor foi descoberto em estágio avançado. Eu Te Explico #133: maternidade solo - dificuldades, desafios, alegrias e garantia de direitos No início de agosto de 2024, uma cirurgia apontou que havia focos secundários no intestino, diafragma e abdômen. "Foi um choque terrível. Foi como se tivesse visto minha vida indo embora, mas logo parei e pensei: "Vou fazer de tudo para realizar meu sonho de ser mãe". Naquele momento, Letícia ainda tinha ovário e útero. Apesar das poucas chances de dar certo, a médica fez os procedimentos para congelar os óvulos antes de passar pela laparotomia exploradora — cirurgia em que se faz um corte na parede abdominal para examinar os órgãos internos. Mãe que ficou conhecida por ter quadrigêmeos e outros dois filhos fala sobre mudanças e rotina A preocupação da baiana era conseguir congelar os óvulos antes do procedimento, já que com a retirada do útero, ovários e trompas, ela se tornaria infértil. "A chance de conseguir era muito pequena, mas nunca desisti. Sempre tive muita fé, sabia que ia dar certo. Fui em paz, porque estava indo em busca da minha cura e ia ter meu filho". "Quando acordei e soube que tinha conseguido, ainda na UTI, com a barriga toda costurada, acesso central, toda invadida, com sonda e morrendo de dor... fiquei muito feliz", lembra, emocionada. Luta de Letícia contra o câncer de ovário Arquivo Pessoal 🤰 'Minha luz da vida' Em uma "corrida contra o tempo", Letícia conseguiu coletar 13 óvulos, reacendendo o sonho da maternidade. Mesmo diante do tratamento, ela ainda viajou para Portugal para comemorar um ano de casamento com o marido, Gustavo Maltez, como um "ato de resistência". "Era meu jeito de dizer à vida que ela ainda era linda. Que, apesar da dor, continuaria escolhendo a felicidade”. Letícia Porto com o marido em Portugal Arquivo Pessoal A quimioterapia teve início em 17 de outubro, um dia após o retorno ao Brasil. Já a decisão de buscar a barriga solidária surgiu no instante em que soube da necessidade de retirar o útero. Em meio à pesquisa e dúvidas, a prima do marido, mãe de um menino de 9 anos, se ofereceu para gestar o filho do casal. O processo, legal no Brasil entre parentes de até quarto grau, avançou durante o tratamento quimioterápico. Em 12 fevereiro deste ano, exatos 13 dias após o fim das sessões, um embrião foi implantado, e Gabriel começou a se desenvolver. "Consegui um anjo, uma pessoa maravilhosa, que vivenciou todo o processo que a gente estava vivendo. Foi como se fosse a missão dela. Ela falou que eu seria mãe e que ela estava aqui para gerar essa criança". "Foi uma emoção muito grande, porque a gente não tinha ideia de quem poderia ser. Minha irmã correria sério risco de morte se tivesse outro filho, porque ela teve complicações no primeiro parto. A gente, de fato, não sabia o que fazer", conta. Baiana que viralizou após casar com irmão da irmã realiza sonho de se tornar mãe; entenda como fica árvore genealógica A escolha do nome se deve ao significado encontrado para a palavra "Gabriel": força de Deus. "Hoje consigo enxergar que não é porque meu filho não foi gerado por mim que eu serei menos mãe". Uniforme do Bahia espera o nascimento do pequeno Gabriel Arquivo Pessoal 💡 Como funciona o processo de doação A doadora de óvulos passa por um processo de estimulação ovariana para produção e retirada dos óvulos. Os envolvidos, inclusive o marido da cedente do útero, devem produzir e assinar um termo de consentimento livre e esclarecido. Com a documentação certa, inicia-se o preparo do útero da cedente com medicações para criar um momento de implantação semelhante a natureza. Em um determinado dia, os óvulos são descongelados e fertilizados com sêmen de um dos parceiros. Caso use o sêmen dos dois, o embrião deve ser transferido separadamente. É proibido mix de embriões. Escolhe-se o melhor embrião, um ou dois, do mesmo material genético e transfere ao útero. Doze dias depois realiza-se o teste de gravidez. A gravidez quando acontece desenvolve-se normalmente e a via de parto deve ser escolhida por médico e paciente. Durante o pré-natal, o casal deve procurar um cartório e levar toda a documentação para registro, conforme o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com o aviso de nascimento, é só ir ao cartório e registrar o bebê em nome dos pais biológicos. Importância do acompanhamento Ao g1, a oncologista Clarissa Mathias, médica do Grupo Oncoclínicas, explicou a perspectiva técnica, incluindo os desafios do diagnóstico precoce, as opções atuais de preservação da fertilidade antes do tratamento oncológico e os caminhos disponíveis para engravidar após a cura. Apesar de ser a terceira neoplasia ginecológica mais comum no Brasil, o câncer de ovário ainda é pouco discutido. Por ser silencioso, costuma ser diagnosticado em fases mais avançadas. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a Bahia deve registrar cerca de 460 novos casos da doença até o fim de 2025. Se a pessoa suspeitar que tem o diagnóstico de câncer, tem que procurar um oncologista. "Com todo paciente em idade fértil, em uma primeira consulta, tem que ser avisado que os usos de quimioterapia e radioterapia podem interromper esse sonho da maternidade de forma definitiva. Isso sempre tem que ser discutido e considerado", ressalta a médica. 👨 De acordo com Clarissa Mathias, com homens, o procedimento funciona com o congelamento do sêmen para posterior reprodução in vitro. Em relação à mulher, uma série de situações devem ser levadas em consideração. "Hoje já temos alguns trabalhos que mostram que é seguro interromper, durante um tempo, o tratamento anti-hormonal, liberar a gestação e depois retornar. Então a gente trabalha de uma maneira multidisciplinar com as pessoas envolvidas na fertilização in vitro". Mãe e filha fazem Enem na mesma escola em Salvador com sonho de entrar na faculdade juntas: 'Uma dando confiança para a outra' No caso de Letícia, o sonho de ser mãe ganhou forma, por meio do apoio familiar, da medicina humanizada e da barriga solidária, redefinindo o significado da maternidade para Letícia, que acompanha a gestação com profunda emoção. A mãe de Gabriel compartilha uma mensagem de esperança para outras pacientes oncológicas que sonham em ser mães, incentivando-as a não desistir e a acreditar nas diversas formas que a maternidade pode assumir. "Você, que está enfrentando o câncer e sonha em ser mãe, eu quero dizer: não desista. O seu sonho continua vivo, mesmo que o seu corpo esteja cansado. (...) Busque informação, abrace as possibilidades. Você pode ser mãe sim — com útero doado, com óvulo doado, com adoção, com toda a força que o amor tem", incentiva. LEIA TAMBÉM: Mãe de gêmeo que nasceu empelicado tentou engravidar por 14 anos: 'sempre foi um sonho' Casal de mulheres em Salvador espera primeiro bebê após inseminação artificial: 'Sonho' Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻 Médica realiza sonho de ser mãe com barriga solidária após ser diagnosticada com câncer

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2025/05/11/medica-realiza-sonho-de-ser-mae-com-barriga-solidaria-apos-diagnostico-de-cancer.ghtml


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